domingo, 20 de março de 2011

Medéia

          Minha tragédia favorita, diga-se de passagem. A Cia. En'Cena fez um ótimo trabalho transformando uma peça que é, em sua maior parte falada, em ações que prendem a atenção do espectador.

Mayra Praquês
          Cenário minimalista, feito a partir de tiras de tecidos elásticos esticados e presos no chão e teto, formando como se fosse uma teia que ganha cor conforme a iluminação muda, fazendo um degrade interessante que climatiza a peça. Os figurinos igualmente simples e bonitos, feitos de tecido branco/cru e um pouco desfiados nas pontas, o que dava uma inpreção mais rústica, de "vindo da terra".
          A adaptação trouxe a peça um pouco para o Brasil, ou melhor, misturou a cultura grega antiga com a afro-brasileira, que ficam claras na trilha sonora e na Ama de Medéia, principalmente. Inclusive, a atriz Lija Suora estava ótima no papel.
          Mayra Praquês faz uma Medéia que emociona de verdade, ao ponto de quase me fazer chorar, e, como eu disse a ela, só uma atriz fez isso comigo, além dela. Os gritos de Medéia me arrepiaram. A personagem é cheia de altos e baixos e aje muito por impulso, e ela fez isso muito bem.



Stefany Borba, Fernando Bittencourt e Mayra Praquês
          Todos desempenharam seus papeis muito bem, mas quero falar também de Stefany Borba, que fez parte do coro e Creúsa. Ela morreu belamente, de verdade, e se destacou por ter sido uma cena praticamente muda. Aliás, essa foi uma coisa que eu gostei, trouxe a morte dos personagens para o palco, o que não é uma caracteristica do teatro grego antigo.
          Fernando Bittencourt me chamou a atenção também, em especial por eu não tê-lo visto em cena antes (que eu me lembre). Tarcísio Cunha fez um bom trabalho, em especial por ter sido, segundo me contaram, a primeira peça que ele fez atuando, não sei se procede, mas, de qualquer forma, gostei.
          Deixo aqui os meus parabéns a todo o elenco e a direção que foi realmente boa.

           Aliás, tem uma outra observação, pequena, que passa até despercebida: embora o texto (pelo menos o que eu li) seja escrito em versos dispostos como poesia, é um texto corrido, não precisa ser falado com tantas pausas.
          Bom, esta é minha opinião.
          Sexta (25) e Sábado (26) são as ultimas apresentações no Espaço Cultural Grande Otelo, em Osasco.
Elenco: Mayra Praquês, Tarcísio Cunha, Lija Suora, Fernando Bittencourt
Natália Miano, Bruno Fanale, Stefany Borba, Luara Katherine.
Texto Original: Eurípides.
Adaptação e Direção: Elber Marques.
Produção: Cia En'Cena.
Fotos: Gabriel Rosa